Para um
homem penso haver poucas alegrias maiores do que ser pai. E isso vale
também para os sacerdotes: exercem uma paternidade espiritual sobre
as almas, de tal modo que são chamados, justamente, padres.
Já não
sou pai de primeira viagem. Casei-me com a Aline em outubro de 2008
e, católicos, estivemos sempre abertos à vida, sonhando com que o
Senhor nos desse logo o primeiro herdeiro. Foi sua vontade,
entretanto, nos presentear com o nascimento da Maria Antônia apenas
em março de 2010. E em dezembro de 2011, a Aline deu à luz o Bento.
Enfim, poucas semanas atrás, em maio de 2013, mostrou a Theresa seu
sorriso ao mundo. E vamos continuar...
A
paternidade é um dom que nos aproxima de Deus. Ele é Pai, em
primeiro lugar, porque pela contemplação de sua própria imagem
gera eternamente o Filho, Jesus Cristo. Também porque, pleno de
amor, cria o homem e o eleva, pela graça, à mesma condição de
Cristo, adotando-nos. O que é Jesus pela natureza, nós o somos pela
graça conquistada na Cruz: filhos de Deus.
O pai da
terra é espelho do Pai dos Céus. É bem verdade que nossos filhos
não são gerados pela contemplação de nós mesmos, mas de um modo
analógico podemos trazer essa figura para a nossa realidade. Nossos
filhos são o fruto do amor entre o pai e a mãe, o esposo e a
esposa, o marido e a mulher, e ambos são uma só carne pelo
matrimônio. Ao amar a minha mulher, estou amando minha própria
carne, não naquele sentido mundano. Amando minha “costela”, como
Eva foi tirada de Adão. E esse amor gera nossa prole.
Por outro
lado, o amor de Deus é tão grande que cria o homem e, além disso,
o institui seu filho adotivo. Poderia Deus não nos ter criado. E,
tendo-nos criado, poderia nos ter mantido como simples criaturas, sem
nos ter elevado à condição sobrenatural de filhos. Sem embargo,
Ele o quis assim. Amou-nos livremente, pois tudo em Deus é livre.
Amou-nos a ponto de nos criar. Amou-nos a ponto de, criado, nos ter
chamado à bem-aventurança consigo. E esse amor que somos chamados a
emular, manifestando a nossos filhos.
Para bem
amar o homem, filho adotivo, Deus passou por cima da rebeldia de Adão
e Eva, e entregou-se à morte e morte de Cruz. Ofereceu-se em
sacrifício para reconquistar a amizade perdida entre Ele e o homem,
resgatando nossa condição de filhos pela graça. Somos, como pais,
chamados, pois, ao sacrifício pelos filhos que geramos. Somos
responsáveis por eles a ponto de nos colocarmos à sua frente para
os proteger e formar.
Deus, que
guia seus filhos e os faz, pela graça, crescer em santidade, nos
ensina a nobre tarefa que os pais têm para com sua prole. Não é
outro, ademais, o fim primário do casamento: gerar e educar, humana
e cristãmente, os filhos.
Todos os
dias precisamos exercer essa paternidade ativa que não se contenta
em apenas colocar filhos no mundo. O pai católico saberá gastar
tempo no acompanhamento próximo dos filhos, no cultivo da
intimidade, no trabalhar em suas almas as virtudes humanas e cristãs,
e na correção pela disciplina.
O Senhor,
no fim da vida, nos pedirá contas dos filhos que nos deu. Até
porque, se somos nós, os pais, seus filhos adotivos pela graça, os
nossos filhos, pelo Batismo, também o são. O pai terreno é um
tutor dos filhos do Pai celestial. Somos os encarregados, por Deus,
de educar as crianças que também participam de sua filiação
divina.
O marido, o pai, é chefe de família não para dar ordens autoritárias, mas para servir à esposa e aos filhos. Serviço que se desempenha ao guiar os membros da família ao céu, cumprindo, nesta terra de exílio, as obrigações referentes aos deveres de estado de cada um. Se o lar é a Igreja doméstica, o pai é o seu sacerdote.
Nobre missão! E para o seu fiel desempenho podemos contar com o exemplo de tantos santos que foram pais de família, e com a especial proteção de São José, Esposo da Virgem Maria, modelo dos chefes de família.
3 comentários:
Bela reflexão! Parabéns pela família e pela nobre missão de ser pai. Rezemos para Deus abençoe os pais católicos a desempenhar fielmente a paternidade conforme Seus desígnios.
Excelente post! Que Deus abençoe sua família!
Amigo, nem sei o que dizer ou participar no comentário... como de costume, texto simples, didático e apaixonado! Tenho pensado muito em adoção... A repetição de "filho adotivo" dá a dimensão do Mistério... Eu, ao modo da vida, fui adotada por minha madrinha... E meu pai, como você, nessa terra, exemplar.
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