Do blog do Instituto Liberal: "O público fala, é Hollywood que não quer ouvir"

Um excelente artigo do blog do Instituto Liberal, que fala nos valores tradicionais da família como fundantes da América profunda, apesar de todo o politicamente correto e da mentalidade de esquerda que cerca os Estados Unidos. E tudo a partir de uma série de televisão!



O público fala, é Hollywood que não quer ouvir

ALEXANDRE BORGES *

Um bando de caipiras com barbas estilo ZZ Top, perdidos no meio da Luisiana, está fazendo história na televisão e, antes que você continue a ler, preciso avisar: a vida dos Robertsons é um vício difícil de largar.

Os Robertsons são o tema central do reality show “Duck Dynasty” da A&E. O nome do show é uma referencia ao negócio incrivelmente próspero deles, que passa de pai para filho e onde todos trabalham. A “Duck Commander” vende produtos para caça de patos e iscas de pesca, com seus homens que lembram uma versão rústica e ainda mais desengonçada de Zach Galifianakis e suas esposas loiras com aquela beleza natural tipo Kaley Cuoco de “The Big Bang Theory”. Uma típica família da Dixie Land.
















A quarta temporada acaba de estrear e logo no primeiro episódio quase 12 milhões de americanos ficaram hipnotizados na frente da telona. Foi a maior audiência de um programa de não-ficção da história da TV a cabo e maior do que quase todos os outros programas do país, incluindo a TV aberta. A série é um sucesso também nas redes sociais e os rednecks de West Monroe já são videogame, action figures, além de adorados especialmente pelos jovens, como mostram as pesquisas de audiência.
A família Robertson é, sem querer parecer tautológico, uma família. Não há roteiro prévio, não há ensaios, é só a vida daqueles barbudos caipiras, seus conflitos familiares, suas provocações uns com os outros, com pitadas de humor, drama e o que mais se espera de um reality show mas com muito mais “reality” do que você está acostumado e, talvez por isso, seja um sucesso.

Eles não se preocupam em ser politicamente corretos ou obedecer a cartilha ideológica típica de Hollywood. São religiosos, usam armas, não há glamorização do sexo, de drogas ou violência. Em muito pouco tempo assistindo você percebe neles os ingredientes que constituem o que se convencionou chamar de família: amor, companheirismo, união e cumplicidade. E os EUA estão apaixonados por eles por isso.

Os Robertsons desmoralizam sem piedade a tese de que Hollywood topa tudo por dinheiro e que vai produzir sempre o que o mercado quer. Os estúdios que fizeram do cinema uma indústria até meados do século passado mudaram de mãos, passando o controle para uma nova geração de atores e diretores, e a partir daí houve uma reviravolta ideológica, nascendo um máquina de propaganda do estilo de vida não da média do povo americano mas dos próprios artistas, de como eles são e vêem o mundo, inclusive politicamente.

Alguns dos maiores estúdios de cinema e redes de TV do país hoje são dirigidos por artistas, muitos na casa dos 60 anos e que eram adolescentes na época de Woodstock, o que impregnou sua visão de mundo até os dias de hoje. Em resumo, é como entregar a Rede Globo para José de Abreu e depois se surpreender que a vida romanceada de Fidel Castro, Che Guevara ou Lula vire o tema principal das novelas.

Para entender o que pensam muitos dos atuais líderes da indústria do entretenimento mais poderosa e rica do planeta, lembre de “Forrest Gump” (1994), um filme criado, dirigido e estrelado basicamente por esquerdistas, com a honrosa exceção do conservador Gary Sinise no papel do eterno Tenente Dan.

Em Forrest Gump, todo preconceito desta geração de Hollywood com metade do país é clara e cristalina. Forrest (Tom Hanks), literalmente um deficiente mental, é o americano médio, do interior, que fala platitudes e só dá certo na vida porque tem sorte. Já sua amiga Jenny (Robin Wright) é como Hollywood se vê: livre para experimentar tudo, mergulhada de cabeça na contracultura dos anos 60/70 e seu ativismo de esquerda. O americano médio pode ser também Homer Simpson, que em meio à campanha presidencial do ano passado chegou a ser colocado como apresentador da FOX News num episódio da série para não deixar dúvidas do que seus autores queriam dizer.

O desprezo de Hollywood, dos artistas e celebridades americanas pelo coração do país não fica só na ficção. Numa entrevista recente, o apresentador Bill Maher disse com todas as letras: “os EUA poderiam ser um país socialista avançado como vários da Europa, temos 80 milhões de pessoas inteligentes como na Alemanha, o problema é que estamos cercados por 200 milhões de caipiras ignorantes que não nos deixam progredir”. Andrew Breitbart sempre repetiu que o sonho desse pessoal é transformar os EUA num país socialista europeu e há poucas dúvidas disso.

O sucesso estrondoso de gente como os Robertsons são um pesadelo para qualquer um que trabalha por uma sociedade tutelada pelo estado, com o povo prestando juramento a líderes carismáticos e marchando nas ruas em paradas comemorando o aniversário da revolução. A família é a maior célula de resistência contra o estado e é por isso que é alvo dos ataques dos totalitários há mais de 100 anos. Hitler dizia que não ia se casar porque era “casado com a Alemanha”, por exemplo. Num tipo de estado como o sonhado por socialistas e fascistas, você deve se casar com o estado e tanto os Robertsons quanto os valores que representam são um inimigo a ser derrotado.


A edição do Oscar desse ano foi uma das mais emblemáticas nesse processo. O prêmio principal de melhor filme foi entregue por Michelle Obama, via satélite, direto da Casa Branca, num momento assustador em que as fronteiras entre Hollywood e o governo atual foram publicamente derrubadas. O prêmio foi para “Argo”, um filme de Ben Affleck, possível candidato ao senado pelo Partido Democrata, que reconta a crise dos reféns do Irã de um jeito que limpa a barra de Jimmy Carter e apaga Ronald Reagan do episódio, assim como Stálin apagava seus inimigos das fotos e livros de história. Todos os recados foram dados e só não entendeu quem não quis.

Nesse mesmo ano, “Zero Dark Thirty”, de Kathryn Bigelow, foi escorraçado do prêmio por cometer o pecado de contar a história da caçada e morte de Osama Bin Laden sob a ótica dos fatos e não da narrativa embusteira que queria colocar Barack Obama como herói principal, além de dar a entender que sem o “waterboarding” dificilmente o terrorista-mor do planeta seria eliminado. Um ótimo filme mas politicamente incorreto demais para ser apreciado por uma indústria cada vez mais comprometida politicamente com um partido e sua ideologia.

O público está ávido por uma produção cultural em linha com seus valores, tradições e crenças, que não necessariamente são as mesmas da média da classe artística e da intelectualidade. Por isso, pare de acreditar que Hollywood obedece apenas a critérios de mercado, ou você estaria ligando a TV agora para ver “Duck Dynasty”. Há muito mais em jogo do que parece.

* DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

Rafael Vitola Brodbeck

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