Bolo no dia de São Cosme e São Damião

Os santos mártires, irmãos e médicos, são muito venerados pela Igreja do Oriente e do Ocidente. Aqui no Brasil, venerá-los foi a forma que os cultuadores de religiões africanas encontraram para esconder o seu paganismo. E inclusive transportaram um dos elementos desse culto para o Brasil - a distribuição de doces aos orixás - e o mudaram para uma ação que pôde se tornar neutra e até ortodoxa - distribuição dos mesmos doces a crianças, como resultado de um voto.

O Prof. Carlos Ramalhete, conhecido e respeitado apologista católico brasileiro, assim se expressou no Facebook:

"Os animistas africanos (candomblé) têm uma divindade cujo nome me escapa à memória, representada por duas crianças. No culto dela oferecem-se doces. Qdo chegaram ao Brasil, passaram a representar esta divindade por S. Cosme e S. Damião, para fingir ortodoxia. Ao invés de oferecer doces à divindade, contudo, eles passaram a ter a prática perfeitamente ortodoxa de fazer um voto de dar doces a crianças no dia destes Santos durante sete anos, em gratidão por uma graça recebida. Ou seja: a prática originalmente pagã se cristianizou, e se tornou parte da cultura brasileira. Quem é contra dar doces no dia de S. Cosme e S. Damião tem que ser contra velas, alianças de casamento, fogueiras de S. João, etc., todas práticas pagãs cristianizadas."

E eu acrescento: tem que ser contra o Natal, contra as Têmporas, contra os paramentos litúrgicos. Tudo isso tem origem pagã, mas nem por esse motivo são rejeitados pela Igreja. A liturgia, a devoção popular e a cultura podem beber de fontes pagãs, desde que purifique as práticas. Nada há de errado, pois não somos gnósticos vendo o mal como absoluto, como um oposto do bem - quando na verdade é a sua ausência.

No calendário tradicional, São Cosme e São Damião são celebrados no dia 27 de setembro, e no calendário moderno - ou seja, após a reforma litúrgica de Paulo VI em 1969 -, no dia 26 do mesmo mês. O calendário tradicional, bem o sabemos, continuou a ser utilizado por aqueles que seguem a hoje conhecida forma extraordinária do rito romano, com a liturgia anterior à reforma de 69. 

 Detalhe do meu exemplar do Breviarium Romanum na festa dos santos.

Aqui tivemos a comemoração dos santos não com a distribuição de pequenos doces aos nossos filhos, mas com um "doção": um bolo. Massa sem óleo, e sim com manteiga, e com chocolate, recheio de ganache, e cobertura de negrinho (como chamamos o brigadeiro no Rio Grande do Sul).

A Aline preparou o bolo com a ajuda da Maria Antônia.







Rafael Vitola Brodbeck

Um comentário:

Mariana disse...

Faleci com a mãozinha da MA ajudando a decorar o bolo! Coisa mais fofa!!!!

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