A diferença entre homem e mulher glorifica a Deus

A diferença entre homem e mulher glorifica a Deus

É tema absolutamente necessário que a diferença entre o homem e a mulher glorifica a Deus, sobretudo em tempos de ideologia de gênero, feminismo cada vez mais radical e ressurreição de um machismo vitoriano (e, portanto, pós-medieval e pseudocristão) como falsa resposta.

“Como Igreja, propomos uma concepção de família que é a do livro de Gênesis, a unidade na diferença entre homem e mulher. Nesta realidade, nós reconhecemos um bem para todos, a primeira sociedade natural (...).” (Francisco. Mensagem aos participantes da 47ª Semana Social dos Católicos Italianos, Turim, 12 de setembro de 2013)

Recordemos que a epístola de São Pedro traz uma ordem ao marido:

“Do mesmo modo vós, ó maridos, comportai-vos sabiamente no vosso convívio com as vossas mulheres, pois são de um sexo mais fraco. Porquanto elas são herdeiras, com o mesmo direito que vós outros, da graça que dá a vida. Tratai-as com todo respeito para que nada se oponha às vossas orações.” (I Pe 3,7)

Vejam que a “fraqueza” descrita pelo Apóstolo não indica inferioridade, pois ele continua dizendo que as mulheres são herdeiras da graça e com o mesmo direito que os homens, devendo ser tratadas com respeito. 

É a fraqueza de uma maior fragilidade física e emocional, em circunstâncias normais, e como regra geral, o que não significa que a mulher deva ser uma “mulherzinha”. As mulheres com “M” maiúsculo vivem com o objetivo de se superar, de aprender e, mais do que tudo, de compreender e servir. Precisamos entender, de uma vez por todas, que há substancial diferença entre feminilidade e frescura. A mulher é o alicerce da casa, da família. E a família é o da sociedade. Logo, cabe às mulheres a árdua tarefa de sustentar os pilares da sociedade. Pois, se o homem é a cabeça, a mulher é seu colo, seu pescoço e, elo entre ela e o resto do corpo. A mulher a movimenta para onde ela deve estar e direciona seu olhar para o rumo certo, bem como a deixamos erguida.

A força da mulher está dentro dela, em seu coração, mas este só servirá como uma mola propulsora se estiver cheio de Deus. A mulher tem sua força não em querer ser igual ao homem, mas justamente naquilo que tem de diferente. 

Essa complementaridade de missões decorre das diferenças naturais entre homem e mulher.

De fato, a mulher se difere fisicamente do homem não só pela anatomia corpórea, como pela maturidade precoce, pelo ritmo assinalado pelo ciclo menstrual, pela ação forte dos hormônios, sobretudo na tensão que antecede o fluxo, e pela potencialidade de marcar sua existência pela gravidez, nascimento dos filhos e amamentação. Ademais, é notória, em linhas gerais, sua maior vulnerabilidade em relação ao indivíduo do sexo masculino.

Nesse sentido, entendendo-se o ser humano como um ser integral, é inevitável que se chegue a conclusão da existência de características psicológicas próprias da mulher, distintas do homem. Claro, isso não invalida que cada mulher seja única em seu aparelho psíquico, assim como é única em sua conformação física; nem que existam determinados grupos de temperamentos que distingam mulheres umas das outras, aproximem igualmente umas das outras e, até mesmo, as façam semelhantes, por eles, a alguns homens com os mesmos temperamentos, ao menos em alguns aspectos. Há, sem embargo, traços gerais emocionais e espirituais que são específicos do feminino, em contraposição ao masculino. Como fisicamente se completam os corpos masculino e feminino, também nas idiossincrasias psicológicas isso ocorre.

Se o homem é o caçador, a mulher é a protetora da casa.

A diferença entre homem e mulher glorifica a Deus


Um pai se santifica sendo pai. Uma mãe se santifica sendo mãe. Um filho se santifica sendo filho. Um médico sendo médico, um advogado sendo advogado, uma professora sendo professora, uma dona-de-casa sendo dona-de-casa. Não nos santificamos vivendo a vocação dos outros, mas o chamado específico que Deus nos dá.

E na configuração da nossa vocação está o estado em que nos encontramos: marido, mulher, pai, filho, profissional, estudante, leigo, padre, monge... A cada estado correspondem deveres. O sacerdote tem os seus, o policial os seus, o político, o empresário.

Cumprir os deveres próprios de seu estado é imperativo para qualquer pessoa, e para o cristão isso se converte em uma forma muito concreta de santificação e de apostolado. O cristão confere um sabor espiritual e apostólico ao seu labor profissional, ao estudo, e às tarefas familiares. Atender bem um cliente, estudar mais quinze minutos quando já não se agüenta mais, fazer um esforço de, quando não temos o menor desejo disso, dar um sorriso a um aluno que precisa de motivação, tudo isso são formas de santificarmos os deveres de estado e lhes emprestar um sentido de apostolado.

O homem, pois, se santifica não apenas como ser humano, mas em todo o bom uso de sua virilidade, ao passo em que a mulher, da mesma forma, se santifica como ser humano mediante o bom uso de sua feminilidade.

Isso tem a ver também com o relacionamento íntimo. No relacionamento conjugal não se deve descuidar de sua expressão sexual. De fato, e entrega do próprio corpo é constitutiva do Matrimônio e um símbolo intenso e forte da aliança e da união de suas almas. O sexo entre marido e mulher regularmente casados diante de Deus é um monumento ao amor verdadeiro.

O leito nupcial de um casal católico é uma espécie de altar. Lá se oferece o sacrifício do amor, da entrega um pelo outro, celebrando a unidade tão forte de ser uma só carne, como Deus quis, e gerando filhos, participando da atividade criadora do Senhor. Não se espante o leitor, cheio de puritanismos e falsos moralismos: se o casal é católico, piedoso, não faz uso de métodos anticonceptivos, está aberto à vida, não faz bizarrices na cama, o próprio ato sexual é santificador! Por um lado, santifica ao dificultar o adultério ou o pensamento pecaminoso – “É melhor casar do que abrasar-se.” (I Co 7,9) –, e por outro no próprio ato conjugal, pois celebra o fim unitivo do Matrimônio – que é reflexo da união entre Cristo e a Igreja –, e se abre ao fim procriativo, em que colaboramos com Deus na obra da criação de novas criaturas suas.

“O homem sensato deve amar sua esposa com discernimento, não ao sabor da paixão. Regulará os impulsos da sensualidade, e não se deixará arrastar cegamente à satisfação da carne. Nada mais vergonhoso do que amar alguém a sua esposa, como se ela fora uma adúltera.” (São Jerônimo. Contra Jovinianum, 1, 30 (alias 1, 49))

J.R.R. Tolkien, o intelectual católico, autor da maravilhosa saga de “O Senhor dos Anéis”, e de quem somos fãs aqui em casa – temos os livros, os filmes, vemos várias vezes – escreveu a outro brilhante pensador cristão inglês, C.S. Lewis, autor das “Crônicas de Nárnia”, em uma carta, que o casamento cristão é “provavelmente a melhor maneira de se obter o mais satisfatório prazer sexual, assim como a temperança alcoólica é a melhor maneira de se aproveitar a cerveja e o vinho.” (TOLKIEN, J.R.R. As cartas de J.R.R. Tolkien. Org. Humphrey Carpenter, com assistência de Christopher Tolkien. Trad. Gabriel Blum Oliva. Curitiba: Arte e Letra Editora, 2006, p. 63)

A diferença entre homem e mulher glorifica a Deus


A Escritura dá conselhos duros contra o adultério:

“Porque os lábios da mulher alheia destilam o mel; seu paladar é mais oleoso que o azeite. No fim, porém, é amarga como o absinto, aguda como a espada de dois gumes. Seus pés se encaminham para a morte, seus passos atingem a região dos mortos. (...) Afasta dela teu caminho, não te aproximes da porta de sua casa (...). Bebe a água do teu poço e das correntes de tua cisterna. (...) Seja bendita a tua fonte! Regozija-te com a mulher de tua juventude, corça de amor, serva encantadora. Que sejas sempre embriagado com seus encantos e que seus amores te embriaguem sem cessar! Por que hás de te enamorar de uma alheia e abraçar o seio de uma estranha?” (Pv 5,3-5.8.15.18-20)

E a entrega sexual de um esposo ao outro – que a mesma Bíblia e a teologia moral chamam de débito conjugal, pois um deve ao outro seu próprio sexo, o que por si já afasta qualquer acusação de que a Igreja ensina que ele é errado ou “bobo, feio e mau” –, a entrega sexual de um esposo ao outro, dizíamos, também tem por finalidade o combate ao adultério. Não só isso: o autor dos Provérbios, ao rechaçar a traição conjugal, manda que se beba a água da própria cisterna, que se regozije com a mulher eleita para o casamento, e a chama de corça de amor, de serva encantadora, de fonte bendita, ordenando que um bom marido viva embriagado com os encantos da esposa! Essa embriaguez, ainda mais quando o provérbio diz que os amores da esposa devem embriagar sem cessar o marido, tem muita afinidade com a relação sexual, como toda pessoa casada deve saber – na prática.

Todavia, nosso sexo não é animalesco. Não é um simples deitar-se para o prazer do marido, ou uma mera necessidade física. Homens não são touros nem mulheres são vacas no cio. Se há uma entrega, há liberdade, há vontade, há um sentido no sexo, e o prazer a ser buscado como manifestação do aspecto unitivo a que vai junto o procriativo deve ser o de ambos. 

“Em primeiro lugar, que ninguém se entregue à vida conjugal [só] por prazer e sensualidade (...).” (Catecismo Romano, II, VII, § 33)

Para isso, importa constatar as diferenças entre homem e mulher na relação sexual, que não se limitam à anatomia. Não é apenas que um seja ativo e a outra passiva, um tenha pênis e a outra vagina. Não. As diferenças na visão dos detalhes da relação sexual importam, e um bom marido deve saber como pensa e sente sua esposa, bem como a esposa deve conhecer o que pensa e sente seu marido – embora, é verdade, seja mais fácil para a esposa compreender o marido, mais primário, mais direto, nada detalhista e muito prático.

A própria localização do órgão sexual feminino em área mais interna revela algo do aspecto psicológico e antropológico da mulher: sua sexualidade é mais profunda, física e emocionalmente, e precisa ser preenchida - igualmente de modo físico e emocional. É por isso que a Bíblia diz que quando um homem tem relações conjugais com sua esposa, ele a conhece. O conhecimento é algo profundo, é saber o que se passa com a pessoa conhecida. O sexo legítimo é um autêntico conhecimento. Marido, ao ter relações com a sua esposa, a conhece íntima e profundamente, e a Bíblia mesmo o diz. O contato do órgão sexual masculino deve ser dentro da mulher, tornando-se fisicamente como que uma só carne, em um notável símbolo da união de suas almas.

Por conta disso, há todo um envolvimento de que a mulher precisa, toda uma circunstância de verdadeira entrega antes mesmo do sexo. Se a relação sexual, para o homem, começa com os primeiros toques mais diretos e com o despir-se, para a mulher já começou desde os primeiros instantes do dia, com a gentileza do marido em lhe ajudar, com seu sorriso, com seu cavalheirismo, com detalhes de amor que ele dá a ela.

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O texto acima foi tirado e adaptado de nosso livro FAMÍLIA CATÓLICA, IGREJA DOMÉSTICA. UM GUIA PARA A VIVÊNCIA CRISTÃ NO LAR, publicado pelas Edições Cristo Rei. Adquira o seu exemplar aqui.

Rafael Vitola Brodbeck

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